sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Porque não gostamos de pessoas negativas?


Pessoas “negativas” ninguém se quer cruzar com elas. Afinal de contas, pode ser contagioso o negativismo, passar para mim, passar para ti depois de todo o trabalho que tivemos em manter-nos na feliz ilusão de que está tudo bem….

Pessoas que talvez não pulem de alegria o dia todo, que talvez não se esforcem por ser vistas…Ricos tempos em que o meu facebook pessoal tinha mais de 1000 amigos, lá em 2010, há quatro anos atrás, quando tinha a banda, era modelo fotográfico, que prisão, ter de agradar, a cada passo que dava um crítico, um apoiante, os “fãs” e aqueles que secretamente me odiavam.

Quando penso que tudo isso corre como areia entre os meus dedos esboço um humilde sorriso, o passado que escolhi deixar para trás.

Quatro “longos” anos depois, sinto-me tão livre por não ter de agradar, por não ter de me mover da forma que “escolheram para mim”, wow, é como se tivessem tirado um enorme nó da minha garganta, como se tivesse deixado de fumar e subitamente o céu ficasse tão calado, tão calmo, tão bonito.

Nunca fui tão feliz, como agora, verdadeiramente.

Toda a transformação, de quem falava pelos cotovelos e agora vive quase em silencio, tudo começou no dia em que decidi abrir os olhos para o mundo e compreender que estamos perdidos.

Estamos perdidos porque os amigos são apenas como traças em busca de luz, no período em que estava mais positiva voavam até a mim, pousavam na mão, procuravam-me, mas mal comecei a entristecer e tudo começou a esvanecer.

Sinto-me tão livre, mais feliz que nunca, foi a tristeza que caminhou comigo até aqui e me fez ver a verdadeira felicidade, aquela em que nada mais é necessário do que viver sem se preocupar com opiniões alheias, sei que é um cliché, mas verdadeiramente não me preocupa, não me pesa, sinto-me tão grata por poder olhar para o céu, como poderiam “eles” compreender.

E há quem se deprima com a verdade, mas não quero encará-lo dessa forma.

A verdade libertou-me, encarar tudo tal como é sem pintar de negro ou de tons rosados, essa verdade libertou a paz dentro de mim porque fiquei de frente, de cara a cara, com a realidade e essa realidade….Deixou de ser ameaçadora.



Tudo o que havia a dizer de mal de mim mesma já foi dito, e cada vez que é dito sorrio porque penso que jamais quero lembrar os outros do mal que fizeram, que prefiro eleva-los para o bons que são, as coisas fenomenais que podem fazer se apenas seguirem o coração e não o ego.

Podia ter lutado tantas vezes, vezes sem conta mas senti um aperto cada vez que o teria de fazer, o ódio dos outros é apenas a sua estrada, não a minha, não nos cruzamos, andamos paralelamente, mas sigo a estrada que piso, calmamente, é tão bom viajar nesta calma.

Não gostamos das pessoas negativas porque elas tiveram a coragem de fazer tudo aquilo que não conseguimos, de permitir a dor inicial para não haver mais nada que a possa causar.

A verdade tem a incrível particularidade de tornar-nos....imune.

Quando me tornei “negativa” aos olhos dos outros e perdi todos os que me rodeavam senti que estava a libertar-me de todos aqueles que esqueceram de amar incondicionalmente o outro….pela intenção.

A minha intenção voltou mais pura, que nunca, largou tudo o que tinha que largar, ergueu-se como uma águia, quero fazer tudo melhor.

Quero genuinamente fazer bem, a ti, a mim, a todos.

Quando compreendemos as verdades deste mundo perdemos o medo de tudo, não tenho medo pois conheço o humilde fim de todos nós, e os mortos? Esses não sentem mais, quando acabou, acabou, calmamente.

As pessoas negativas, que não pulam, não gritam pelos corredores, não erguem o ego porque compreendem que tudo é apenas mais uma jogada, não são pessoas de muitos amigos porque a verdade incomoda os outros.

Preferem seguir o seu caminho, tão válido como qualquer outro.

Mas nós os negativos, compreendemos vocês dos castelos das ilusões, vocês “positivos e bons” é que não nos compreendem a nós, falta-vos a empatia.

Quem é que afinal é negativo, aquele que caminhou nos sapatos dos outros e por isso pintou o mundo tal como é, ou a malta das festas, dos mil amigos, dos cem eventos, a malta que quando vê alguém perder a fama procura a próxima flor mais brilhante para pousar…

Nunca me senti tão livre, tão tranquila, talvez um dia entendam, talvez não, o mundo continuará a girar…é essa a beleza.

Não escrevo para que me compreendam, escrevo para que o choque térmico das minhas palavras crie um efeito…talvez algumas ondas, para que aprendam a nadar, dentro do próprio pensamento.

Paralelamente a esse mundo de “fama” que deixei para trás, corre um rio tão lento tao silencioso, o rio do pensamento, das pequenas coisas como o vento quando se mistura com os raios de sol tapados…

É preciso ver cegamente para compreender, sentir fora dos sentimentos para experienciar, falar fora de todo o vocabulário para comunicar verdadeiramente, e tudo isso, é alcançado dentro do silêncio, onde nos reencontramos.

Que belo que tudo aqui é, que simples e rítmico, o bater dos ponteiros do relógio…a água quando cai da torneira para a minha boca, tão fresca, que maravilhoso mundo, agora que despido de todo o ruído…

Que beleza.


1 comentário:

  1. Escreves mesmo bem, sinto na perfeição o que escreves! E isso é arte.

    beijinhos, http://violetjuliettte.blogspot.pt/

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