Pessoas “negativas”
ninguém se quer cruzar com elas. Afinal de contas, pode ser contagioso o negativismo,
passar para mim, passar para ti depois de todo o trabalho que tivemos em
manter-nos na feliz ilusão de que está tudo bem….
Pessoas que talvez não
pulem de alegria o dia todo, que talvez não se esforcem por ser vistas…Ricos
tempos em que o meu facebook pessoal tinha mais de 1000 amigos, lá em 2010, há quatro
anos atrás, quando tinha a banda, era modelo fotográfico, que prisão, ter de
agradar, a cada passo que dava um crítico, um apoiante, os “fãs” e aqueles que
secretamente me odiavam.
Quando penso que tudo
isso corre como areia entre os meus dedos esboço um humilde sorriso, o passado
que escolhi deixar para trás.
Quatro “longos” anos
depois, sinto-me tão livre por não ter de agradar, por não ter de me mover da
forma que “escolheram para mim”, wow, é como se tivessem tirado um enorme nó da
minha garganta, como se tivesse deixado de fumar e subitamente o céu ficasse
tão calado, tão calmo, tão bonito.
Nunca fui tão feliz,
como agora, verdadeiramente.
Toda a transformação,
de quem falava pelos cotovelos e agora vive quase em silencio, tudo começou no
dia em que decidi abrir os olhos para o mundo e compreender que estamos
perdidos.
Estamos perdidos
porque os amigos são apenas como traças em busca de luz, no período em que
estava mais positiva voavam até a mim, pousavam na mão, procuravam-me, mas mal
comecei a entristecer e tudo começou a esvanecer.
Sinto-me tão livre,
mais feliz que nunca, foi a tristeza que caminhou comigo até aqui e me fez ver
a verdadeira felicidade, aquela em que nada mais é necessário do que viver sem
se preocupar com opiniões alheias, sei que é um cliché, mas verdadeiramente não
me preocupa, não me pesa, sinto-me tão grata por poder olhar para o céu, como
poderiam “eles” compreender.
E há quem se deprima
com a verdade, mas não quero encará-lo dessa forma.
A verdade libertou-me,
encarar tudo tal como é sem pintar de negro ou de tons rosados, essa verdade
libertou a paz dentro de mim porque fiquei de frente, de cara a cara, com a
realidade e essa realidade….Deixou de ser ameaçadora.
Tudo o que havia a
dizer de mal de mim mesma já foi dito, e cada vez que é dito sorrio porque
penso que jamais quero lembrar os outros do mal que fizeram, que prefiro
eleva-los para o bons que são, as coisas fenomenais que podem fazer se apenas
seguirem o coração e não o ego.
Podia ter lutado
tantas vezes, vezes sem conta mas senti um aperto cada vez que o teria de
fazer, o ódio dos outros é apenas a sua estrada, não a minha, não nos cruzamos,
andamos paralelamente, mas sigo a estrada que piso, calmamente, é tão bom
viajar nesta calma.
Não gostamos das
pessoas negativas porque elas tiveram a coragem de fazer tudo aquilo que não
conseguimos, de permitir a dor inicial para não haver mais nada que a possa
causar.
A verdade tem a incrível particularidade de tornar-nos....imune.
Quando me tornei “negativa”
aos olhos dos outros e perdi todos os que me rodeavam senti que estava a
libertar-me de todos aqueles que esqueceram de amar incondicionalmente o outro….pela
intenção.
A minha intenção
voltou mais pura, que nunca, largou tudo o que tinha que largar, ergueu-se como
uma águia, quero fazer tudo melhor.
Quero genuinamente
fazer bem, a ti, a mim, a todos.
Quando compreendemos
as verdades deste mundo perdemos o medo de tudo, não tenho medo pois conheço o
humilde fim de todos nós, e os mortos? Esses não sentem mais, quando acabou,
acabou, calmamente.
As pessoas negativas,
que não pulam, não gritam pelos corredores, não erguem o ego porque compreendem
que tudo é apenas mais uma jogada, não são pessoas de muitos amigos porque a
verdade incomoda os outros.
Preferem seguir o seu
caminho, tão válido como qualquer outro.
Mas nós os negativos,
compreendemos vocês dos castelos das ilusões, vocês “positivos e bons” é que
não nos compreendem a nós, falta-vos a empatia.
Quem é que afinal é
negativo, aquele que caminhou nos sapatos dos outros e por isso pintou o mundo
tal como é, ou a malta das festas, dos mil amigos, dos cem eventos, a malta que
quando vê alguém perder a fama procura a próxima flor mais brilhante para
pousar…
Nunca me senti tão
livre, tão tranquila, talvez um dia entendam, talvez não, o mundo continuará a
girar…é essa a beleza.
Não escrevo para que
me compreendam, escrevo para que o choque térmico das minhas palavras crie um
efeito…talvez algumas ondas, para que aprendam a nadar, dentro do próprio
pensamento.
Paralelamente a esse
mundo de “fama” que deixei para trás, corre um rio tão lento tao silencioso, o
rio do pensamento, das pequenas coisas como o vento quando se mistura com os
raios de sol tapados…
É preciso ver
cegamente para compreender, sentir fora dos sentimentos para experienciar,
falar fora de todo o vocabulário para comunicar verdadeiramente, e tudo isso, é
alcançado dentro do silêncio, onde nos reencontramos.
Que belo que tudo aqui
é, que simples e rítmico, o bater dos ponteiros do relógio…a água quando cai da
torneira para a minha boca, tão fresca, que maravilhoso mundo, agora que
despido de todo o ruído…
Que beleza.
Escreves mesmo bem, sinto na perfeição o que escreves! E isso é arte.
ResponderEliminarbeijinhos, http://violetjuliettte.blogspot.pt/